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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Rock da Cachorra



Baptuba! Uap Baptuba!
Uau! Uau! Uau!

Troque seu cachorro
Por uma criança pobre
Sem parente, sem carinho
Sem rango, sem cobre
Deixe na história de sua vida
Uma notícia nobre...

Tem muita gente por aí
Que tá querendo levar
Uma vida de cão
Eu conheço um garotinho
Que queria ter nascido
Pastor-alemão
Esse é o rock despedida
Prá minha cachorrinha
Chamada "sua-mãe"...

É prá Sua-mãe!
Seja mais humano
Seja menos canino
Dê guarita pro cachorro
Mas também dê pro menino
Se não um dia desse você
Vai amanhecer latindo
Uau! Uau! Uau!...
                                                 Eduardo Dusek

Mais uma matéria sobre pets me chamou a atenção. A Folha de São Paulo publicou  Cães ganham motel com ofurô, espelho no teto e sala especial. Não faz muito tempo li uma outra em que tomei conhecimento do único hospital veterinário público para cães e gatos, na cidade de São Paulo. 

Ok, gosto  de animais, gosto mesmo. Minhas memórias desde a infância são iluminadas pela presença dos muitos bichinhos que possuí; alguns morreram e outros, confesso, doei por razões que não vale a pena falar no momento porque vamos terminar por desviar o assunto desse post e ainda não cheguei ao tribunal para o julgamento. Mas enfim, criei cachorro, gato, coelho, papagaio, jabuti, hamster, aquele ratinho branco, peixes e tive, durante alguns dias, a companhia de uma raposa. Adianto que o relacionamento com a raposa não foi dos melhores e ela voltou ao seu habitat natural. Aliás, ela esteve conosco para se recuperar de uma má ação humana. Convalescida, retornou ao lar; certo, protetores de animais de plantão? Já estou vendo minhas amigas Ana Maria, Filomena, Magda e Marta de olhos esbugalhados a me repreender!

Mas voltando à matéria do jornal, foram investidos R$ 2 milhões nesse empreendimento. Segundo os proprietários, dois irmãos de Belo Horizonte, eles visitaram Nova York e Paris e não viram nada parecido por lá. E eu, que em minhas poucas viagens, tinha concluído que os Estados Unidos seriam o paraíso dos pets... Afinal, todo dono de animal que se preza adquire um acessório importado para o seu "Bob" ou sua "Lady".

Não estaríamos humanizando nossos bichinhos? Será que eles sentem necessidade de tratamento de beleza,  ofurô, cerveja sem álcool e até "motel pet" ? Quando me encontro com um cachorrinho vestido com a camisa do time  de futebol do seu proprietário ou uma cachorrinha ostentando uma coleira tão brilhante quanto o colar da sua dona (perdão, um menininho vestido com a camisa do time de futebol do seu pai ou uma menininha ostentando um colar tão brilhante quanto o da sua mãe), acho bonitinho, divertido, mas penso imediatamente se ele ou ela não estaria desconfortável. Aqueles protetores de patas(oops, sapatos) não incomodam? Ou ainda, será que se eles pudessem escolher, estariam torcendo pelo mesmo time do seu proprietário/pai?

Os bichos da minha infância não comiam ração e nem se vestiam. A comida era a mesma da família e, no frio, enrolávamos eles em cobertores ao nosso lado. Mais à frente, com o advento das rações, cheguei a criar cachorros e gatos cujo único alimento que conheceram foram "Royal Canin", "Pedigree", "Friskies" e outros recomendados pelos maiores especialistas no assunto.

Não suporto ver animais maltratados e já hospedei alguns antes de serem adotados, mas apesar de saber que o mercado de pets está crescendo( a demanda existe...) e que gira em torno de R$12 bilhões, informação colhida na reportagem a que me refiro, me sinto incomodada com esse super tratamento dispensado aos animais. E nem vou entrar na "seara" de discutir se investimentos tão altos assim são feitos em educação ou na saúde dos seres humanos. Apenas considero exagerado tudo isso, penso que nossos animais querem apenas bons cuidados, respeito e amor. E em troca a gente se torna merecedor do amor incondicional deles, traduzido num olhar carinhoso ou  numa lambida de afeto. Simples assim.

A propósito, hoje, dia 19 de novembro comemoramos o Dia da Bandeira aqui no Brasil, mas também é o Dia Mundial do Banheiro e, pasmem! Sete em cada dez mulheres africanas não têm acesso a banheiro.


Imagem: Folha de São Paulo Caderno B, 18/11/12

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Fã, Ivete Sangalo (ou O dia em que eu tietei)


Faço qualquer negócio pra te ver na avenida ou no show
Grudo no pé, dou bandeira, fico de bobeira só pra te ver passar
Teu olhar iluminado, meu coração disparado...
Se o teu olhar de repente cruzar com o meu olhar envergonhado...
Olá, eu sou sua
A número 1, sou sua fã
Não durmo direito, não como, não bebo... só vivo de te ver passar
Você realiza o meu sonho, é a minha razão de sonhar!!!
Olá, eu sou sua fã
A número 1, sou sua fã
Mando carta perfumada, fico na torcida pra você me responder
Quero contar meus segredos e ganhar um beijo, um sorriso, um retrato, uma mão...
Não me canso de dizer o que sinto por você...
Você é tão maravilhosa... que Deus ilumine a estrela que és!!!




Sempre gostei de ler. Mesmo quando ainda não era alfabetizada, passava muito tempo tentando decifrar aqueles símbolos nos jornais e revistas que passavam por minhas mãos. Associava as imagens às letras e  aprendi a ler com facilidade. Também não conseguia entender todas as falas dos desenhos animados, devido ao problema auditivo, mas não sentia muita falta porque os papeis, tintas, lápis e canetas  eram mais fascinantes. Além de tudo, minha criatividade era suficiente para deduzir o enredo das histórias.


Mas quando aprendi a ler de verdade era impossível largar qualquer  coisa escrita. Pedia aos meus pais que adquirissem essa ou aquela revista: "Recreio", "Luluzinha", "Riquinho", "Bolota", "Brotoeja", "Recruta Zero", "Mônica" e por aí vai. Quem tem mais ou menos a minha idade deve conhecer todas. Gostava de Disney: o pão-duro do Tio Patinhas era o meu preferido, seguido por Pateta, Donald e Mickey. Aquelas aventuras enchiam minha cabeça de ideias! Dividia as gargalhadas com Rute, uma senhora que tomava conta de mim e do meu irmão. Rute tinha um senso de humor que merece um post qualquer dia desses. Fico devendo.


Li e reli os livros da coleção "O Mundo da Criança". Há pouco tempo doei a minha a um menino que, como eu, gosta muito de ler. Ainda guardo a do "Vovô Felício" e vez por outra releio Monteiro Lobato. Minhas filhas também são "Leiturólatras" e já posso discutir algumas obras com a mais velha. Agora, por exemplo, estamos lendo "Ulisses", de James Joyce. Eu leio uma tradução e ela, outra. Depois vamos trocar nossas impressões.


A filha mais nova gosta de livros de princesas e relemos várias vezes, "Até as princesas soltam pum". Ela vibra com o livro porque, afinal, mesmo sendo uma princesa, solta seus estalos. Agora, que já lê, está às voltas com "O Pequeno Filósofo" de Gabriel Chalita. Nós lemos juntas: ela lê as falas do filósofo  e eu, as demais. São momentos mágicos em que descobre palavras novas e conceitos diferentes. 


Lembro-me de que estava decidida a ler a enciclopédia Delta Larousse. Não consegui, mas uma colega minha disse que o fez. Nunca apurei a veracidade da história, mas que acredito, acredito! Quem gosta de ler, como diz aquela velha frase," lê até bula de remédio". Eu não me arrisco a engolir  uma pílula sem, antes, verificar as indicações, contra-indicações e efeitos colaterais. Nem pensar!


Meus escritores favoritos? Meus livros preferidos? Eu me recuso a responder a essas perguntas. Não posso  fazer essa escolha. É muito perigoso, entre tantas leituras, definir a melhor. Mas hoje, vou abrir uma exceção e contar algo que nunca tinha feito antes; eu tietei. Sim, no dia 30 de maio passado, fui ouvir uma palestra da minha querida jornalista/repórter/escritora Eliane Brum. Sentei na primeira fila, estive atenta a todas as palavras que ela pronunciou e ao final ainda pedi autógrafo no livro "Uma/Duas".


Senti-me abobalhada diante daquela que, para mim, escreve textos quase que, escandalosamente, perfeitos. Eliane sabe colocar a palavra certa na frase exata. Ela tangibiliza os sentimentos e debulha qualquer assunto.


Intitula-se "escutadeira". Eu, Eliane, sou uma "olhadeira": olho e vejo; vejo e sinto. Minha única frustração são as letras e, se escrevesse, teria de ser como você. Precisa no vocabulário e sem subterfúgios. Ouvi sua palestra e guardei na memória aqueles instantes em que vendo você, gostaria de estar me vendo.