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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Fã, Ivete Sangalo (ou O dia em que eu tietei)


Faço qualquer negócio pra te ver na avenida ou no show
Grudo no pé, dou bandeira, fico de bobeira só pra te ver passar
Teu olhar iluminado, meu coração disparado...
Se o teu olhar de repente cruzar com o meu olhar envergonhado...
Olá, eu sou sua
A número 1, sou sua fã
Não durmo direito, não como, não bebo... só vivo de te ver passar
Você realiza o meu sonho, é a minha razão de sonhar!!!
Olá, eu sou sua fã
A número 1, sou sua fã
Mando carta perfumada, fico na torcida pra você me responder
Quero contar meus segredos e ganhar um beijo, um sorriso, um retrato, uma mão...
Não me canso de dizer o que sinto por você...
Você é tão maravilhosa... que Deus ilumine a estrela que és!!!




Sempre gostei de ler. Mesmo quando ainda não era alfabetizada, passava muito tempo tentando decifrar aqueles símbolos nos jornais e revistas que passavam por minhas mãos. Associava as imagens às letras e  aprendi a ler com facilidade. Também não conseguia entender todas as falas dos desenhos animados, devido ao problema auditivo, mas não sentia muita falta porque os papeis, tintas, lápis e canetas  eram mais fascinantes. Além de tudo, minha criatividade era suficiente para deduzir o enredo das histórias.


Mas quando aprendi a ler de verdade era impossível largar qualquer  coisa escrita. Pedia aos meus pais que adquirissem essa ou aquela revista: "Recreio", "Luluzinha", "Riquinho", "Bolota", "Brotoeja", "Recruta Zero", "Mônica" e por aí vai. Quem tem mais ou menos a minha idade deve conhecer todas. Gostava de Disney: o pão-duro do Tio Patinhas era o meu preferido, seguido por Pateta, Donald e Mickey. Aquelas aventuras enchiam minha cabeça de ideias! Dividia as gargalhadas com Rute, uma senhora que tomava conta de mim e do meu irmão. Rute tinha um senso de humor que merece um post qualquer dia desses. Fico devendo.


Li e reli os livros da coleção "O Mundo da Criança". Há pouco tempo doei a minha a um menino que, como eu, gosta muito de ler. Ainda guardo a do "Vovô Felício" e vez por outra releio Monteiro Lobato. Minhas filhas também são "Leiturólatras" e já posso discutir algumas obras com a mais velha. Agora, por exemplo, estamos lendo "Ulisses", de James Joyce. Eu leio uma tradução e ela, outra. Depois vamos trocar nossas impressões.


A filha mais nova gosta de livros de princesas e relemos várias vezes, "Até as princesas soltam pum". Ela vibra com o livro porque, afinal, mesmo sendo uma princesa, solta seus estalos. Agora, que já lê, está às voltas com "O Pequeno Filósofo" de Gabriel Chalita. Nós lemos juntas: ela lê as falas do filósofo  e eu, as demais. São momentos mágicos em que descobre palavras novas e conceitos diferentes. 


Lembro-me de que estava decidida a ler a enciclopédia Delta Larousse. Não consegui, mas uma colega minha disse que o fez. Nunca apurei a veracidade da história, mas que acredito, acredito! Quem gosta de ler, como diz aquela velha frase," lê até bula de remédio". Eu não me arrisco a engolir  uma pílula sem, antes, verificar as indicações, contra-indicações e efeitos colaterais. Nem pensar!


Meus escritores favoritos? Meus livros preferidos? Eu me recuso a responder a essas perguntas. Não posso  fazer essa escolha. É muito perigoso, entre tantas leituras, definir a melhor. Mas hoje, vou abrir uma exceção e contar algo que nunca tinha feito antes; eu tietei. Sim, no dia 30 de maio passado, fui ouvir uma palestra da minha querida jornalista/repórter/escritora Eliane Brum. Sentei na primeira fila, estive atenta a todas as palavras que ela pronunciou e ao final ainda pedi autógrafo no livro "Uma/Duas".


Senti-me abobalhada diante daquela que, para mim, escreve textos quase que, escandalosamente, perfeitos. Eliane sabe colocar a palavra certa na frase exata. Ela tangibiliza os sentimentos e debulha qualquer assunto.


Intitula-se "escutadeira". Eu, Eliane, sou uma "olhadeira": olho e vejo; vejo e sinto. Minha única frustração são as letras e, se escrevesse, teria de ser como você. Precisa no vocabulário e sem subterfúgios. Ouvi sua palestra e guardei na memória aqueles instantes em que vendo você, gostaria de estar me vendo.