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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sonho Impossível


Fonte da imagem: terapiadasideias.blogspot.com


Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer
O inimigo invencível
Negar
Quando a regra é vender
Sofrer
A tortura implacável
Romper
A incabível prisão
Voar
Num limite improvável
Tocar
O inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
Chico Buarque



Hoje não tem post, mas gostaria de agradecer a você que me segue e me lê com carinho.


Este blog foi inaugurado em 16 de outubro de 2011 e completou mais de 1000 acessos.Mais de 1000, gente! Isso significa mais de 1000 afagos, abraços, beijos, atenções, carinhos e mais de 300 pessoas por mês lendo e se importando com o que penso e escrevo!


Meu muito obrigada com emoção! Que minhas letras continuem a alcançar o coração de cada leitor e sejam escritas com a simplicidade da alma.


Um próximo ano de paz e saúde! É tudo o que desejo a cada um de vocês!


Com imenso carinho,


Fátima







sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Atirei o pau no gato

Atirei o pau no gato tô tô
Mas o gato tô tô
Não morreu reu reu
Dona Chica cá
Admirou-se se
Do berro, do berro que o gato deu:
Miau!



Nesse último mês do ano fomos surpreendidos por um vídeo www.band.com.br/noticias/cidades/noticia/?id=100000474743 que horrorizou a todos: uma mulher foi flagrada maltratando sua cachorrinha de estimação (de estimação?) da pequena raça yorkshire, com chutes tão fortes que levaram o animal à morte.

O vídeo, gravado por um vizinho da agressora, foi divulgado em todos os meios de comunicação e eu tive o desprazer de encontrá-lo nas redes sociais. Mal comecei a vê-lo e interrompi o carregamento. Não tive coração para continuar a assistir às atrocidades cometidas contra um ser indefeso e que, com certeza, amava sua algoz.

Não dormi bem naquela noite incomodada com o que tinha visto e lido. A mulher seria uma enfermeira, casada com um médico e praticou a insanidade na frente de sua filha de tenra idade. Que descontrole emocional teria sido aquele?




E o vizinho que filmou? Por que não livrou o bichinho das agressões? Por que foi omisso? Não temos respostas. Li que a enfermeira pagou uma fiança de R$3.000,00 e estava sob guarda da polícia porque ela e sua família estariam sendo ameaçadas de morte. Ah... E se mostrava arrependida, além de admitir que não é louca.

Desisti de fazer julgamentos. Na bíblia, sábio livro, lemos: “Atire a primeira pedra, quem não tiver pecados”. Quantos de nós já tivemos animais que um dia, por terem rasgado um sofá, ou feito pipi em local inadequado foram doados? Alguns até abandonados na rua? E por precisarmos trabalhar em outro país, já não poderíamos continuar com o gato de cinco anos ou o cachorro com oito anos de idade?

Quantos animais, em nome do desenvolvimento científico, servem de cobaia para que medicamentos possam ser comercializados sem efeitos colaterais saúde humana? Quantos coelhos têm em seus olhos, cremes dermatológicos testados para que sejam considerados hipoalergênicos ao nosso consumo?
E os zoológicos que mantêm encarcerados inúmeros espécimes da fauna para que sejam estudados, vistos, admirados, conhecidos, etc e etc. Será que não chegamos ainda a um nível de conhecimento que possibilite o estudo desses animais sem a necessidade de trancafiá-los?

Quantos poodles foram treinados para dançar nos circos, usando saiotes e outros bibelôs? E os leões banguelas domados entre grades? E os elefantes fazendo gracinhas em cima de bolas e pisando em chãos cimentados que machucam suas patas? Como os cavalos e pôneis aprendem rapidamente e com docilidade a levar a linda moça pela arena! E os chimpanzés, que inteligentes! Claro que, se não fomos criados por Deus, só podemos descender desses mamíferos quase humanos...

E a quantidade de pássaros engaiolados neste momento para o deleite dos nossos ouvidos e olhos? E o pior de tudo, caros leitores, é que vou fazer um mea culpa: a blogueira que vos escreve cria uma calopsita. Vicente, minha calopsita, vive solto no meu apartamento. Ora ele vai à gaiola, ora transita pelos diversos cômodos, atrás de mim, como um cão fiel. Eu o beijo, cheiro, dou banho nele, alimento-o... Como sou bondosa! Mas Vicente pensa ser uma galinha; seus voos são rasantes e, mesmo quando o levo ao parquinho, ele se limita a “andar” de galho em galho pelos pequenos arbustos aonde sua dona permite que ele vá.

Esse é um assunto polêmico e que sei, poderia ser tratado com mais profundidade, mas estamos num blog e minha intenção é leva-los a uma reflexão. Não, claro que não compactuo com a enfermeira. Continuo horrorizada e pensativa. E quantos seres humanos são agredidos e mortos a cada segundo por seus semelhantes? Sim, sei que muitos deles tiveram a chance de defesa ou, pelo fato de sermos da raça homo sapiens, a coisa fica entre nós mesmos. Será?

“Quem não tiver pecados, atire a primeira pedra.”

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Saiba, Arnaldo Antunes



Saiba,
Todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem

Saiba,
Todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba,
Todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba,
Todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano

Saiba,
Todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé, Moisés, Ramsés, Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé

Saiba,
Todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você.



É natal mais uma vez! E eu comecei a pensar que na infância isso significava passar as férias na casa do meu avô, ganhar uma roupa nova, um brinquedo, comer peru e ir à missa do galo com a família reunida. Era um natal sem pretensões, sem filas no caixa, sem cartão de crédito nem engarrafamentos. Significava um dia para visitar os amigos, comer rabanada e comemorar o nascimento do Menino Jesus. Eu ainda não entendia muito de religião, mas entendia que a data era importante.


Importante ressaltar que presente de natal era sinônimo de magia porque ele vinha diretamente do Polo Norte, trazido por Papai Noel que entrava pela janela do meu apartamento ou da casa do meu avô. No dia 24, à noite, eu ia dormir jurando que daquela vez eu o pegaria em flagrante, conversaríamos e ele me entregaria o brinquedo pessoalmente. Isso nunca aconteceu e o encanto desfez-se em uma viagem quando minha mãe me pediu para tirar uma laranja que estava naquele compartimento que existe por trás do banco traseiro do fusquinha. Procurando o saco das frutas, vi o presente que tinha pedido ao bom velhinho embrulhado num lindo papel. Meu coração murchou, calei-me decepcionada e entendi tudo naquele instante: papai Noel não existia... Foi duro encarar a verdade. Foi um dos primeiros desapontamentos na infância.

Mais tarde, na adolescência e até mesmo entrando na idade adulta, perdi um pouco dessa pureza e o natal passou a ser mais comercial. Trocava "lembrancinhas" nos Amigos Secretos, queria ter roupas bonitas e novas no natal e no ano-novo, comprava sapatos e somente ficava com a família por causa da tradição. Mesmo assim, houve caras emburradas porque não pude ficar com o namorado ou com a amiga confidente.

Depois que amadureci um pouco e já trabalhava, comecei a detestar a época dos festejos natalinos. Por quê?   O Natal começou a fazer sentido para mim e não gosto do comércio realizado nessa época. Que estresse para comprar, comprar e comprar! E com isso, as pessoas ficam nervosas, preocupadas em estar bem vestidas, indecisas na escolha dos presentes, ofegantes por visitar lojas e mais lojas em busca do consumo. Então, passei vários anos somente aturando o Natal. Não gostava de trocar presentes, de ir às festas, era uma chata mesmo! Embora, diga-se de passagem, presenteasse as pessoas que trabalhavam na minha casa, minha família e os amigos: com o coração feliz! Mas queria muito que as coisas mudassem! Que as pessoas entendessem o significado da data. Contraditório?

Até que enfim, no ano passado, veio o estalo. Não eram as pessoas que precisavam mudar e sim, eu! E a única resolução de ano-novo que fiz de 2010 para 2011 foi a de que me dedicaria aos amigos com todo o meu coração e seria um ser humano melhor a cada dia. Porque o amor é o que importa e no Natal comemoramos a fraternidade que o Menino Jesus ensinou. E que todos somos iguais e merecemos o melhor! 

É para o Amor, pelo Amor e com o Amor que vale a pena viver!

Um Feliz Natal a cada um de nós! Um Feliz Natal ao Menino Jesus!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A casa do meu avô

Asa Branca
Luiz Gonzaga

Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus "óio"
Se "espaiar" na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração





Esse texto foi publicado na edição 44(maio/junho de 2007), da revista bb.com.você, editada pelo Banco do Brasil. Gosto muito dele e resolvi postar aqui para outros amigos lerem. Para aqueles que o conhecem, fica a sugestão de uma releitura com outro olhar.




Outro dia me peguei pensando sobre responsabilidade socioambiental. E aí lembrei da minha infância e da casa do meu avô. Todos os anos, em dezembro, meus pais, meu irmão e eu íamos passar as férias em uma pequena cidade do interior do sertão da Paraíba, onde moravam meus avós...


No caminho, a paisagem mudava. O cheiro do mar era substituído pelo cheiro doce da cana-de-açúcar, que "dava vez" a uma vegetação retorcida e cheia de espinhos. Eu me encantava com os cactos, os mandacarus e os aveloses. Era bonito demais! E as mulheres com vestidos de chitas coloridas e rendas branquinhas de algodão. E as vacas pastando, as seriemas correndo assustadas e as asas-brancas no céu!


O carro avançava... Lá ia uma mulher carregando uma trouxa de roupa na cabeça e uma criança nos braços. Outra equilibrava, também na cabeça, uma lata d'água. Carcaça de boi rodeada de urubus. Gente seguindo um enterro. Numa rede, o morto era levado ao balanço do vento quente e ao som de uma ladainha triste. Eu ainda ouço o canto daquele povo simples indo ao cemitério e rezando para que no céu a vida continuasse.


O carro atravessava mais um mata-burro. Chagamos. Abraçava meu avô de cabelos branquinhos, vestido com camisa da mesma cor, perfumado e com calças bem engomadas. Na hora do lanche eu me empanturrava de bolo, pão, doce e manga.


Às cinco da tarde tomava banho. Era banho de bacia, com uma cuia. A água era amornada com uma chaleira quentinha. E depois eu ia jantar. Prestava atenção nas panelas de barro do fogão a lenha. Minha avó abanava as brasas e elas ficavam mais vermelhas ainda. Era a vez do inhame, da macaxeira e do chá de canela.


A casa era iluminada por lamparinas, lampiões e velas. A gente, na cozinha, lavava louça com água de bacia também. Minha tia-avó contava estórias de peruas chocas e de botijas enterradas. Eu ficava encantada e dormia sonhando com aquele ouro que bem poderia estar enterrado embaixo da minha cama.


No outro dia, acordava com o barulho das galinhas e o canto das burguesas. O papagaio pedia café. Dona Santinha já passava a roupa com o ferro em brasa, e Cinele, uma das agregadas que viviam na casa dos meus avós, subia na cisterna para tirar água.


Eram dias maravilhosos! Mas o que isso tem a ver com responsabilidade socioambiental? Tudo! Hoje, não consigo ver uma torneira pingando; escovo os dentes sem deixar água escorrendo; não demoro horas embaixo do chuveiro; acendo as luzes somente quando é necessário e apago as outras esquecidas. É pouco, eu sei. Mas eu faço.


Riacho em Barra de Sta. Rosa: o sítio do meu avô ficava aí.
Faço porque tomar banho de bacia, com água amornada de chaleira; ver gente carregando lata d'água na cabeça somente para cozinhar; ver mulheres lavando roupas em riacho; ler à luz de velas... foram coisas que me marcaram profundamente. Pois é... e mesmo assim, morro de saudade daquelas férias na casa do meu avô!


Luiz Gonzaga cantando Asa Branca: http://letras.terra.com.br/luiz-gonzaga/47081/

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Problema Tudo Bem

 
Eu posso contar o tempo

Mas o fato é que o tempo me contou

Que quem não tem problema

Não tem nada, nada, nada

nada vale a pena

Uma vida só feliz

Pode ser bem pequena



Tudo fica parado

Às vezes é meio chato

Eu prefiro aprender

Com o que não está claro



Não que eu goste de sofrer

Mas já deu pra perceber

Que, no jogo, quem perde

Quando ganha se diverte



Iô, ô, ô

Problema você tem

Iô, ô, ô

Problema eu também

Iô, ô, ô

Todo mundo tem problema

Iô, ô, ô

E tudo bem
Ana Cañas
Quinta-feira, 24 de novembro:


Começo redigindo este texto olhando para o calendário: daqui a uma semana estarei fazendo uma cirurgia. Alguns leitores que têm mais contato comigo já sabem; outros ainda não sabiam, mas agora vou atualizar todo mundo.

Na empresa em que trabalho fazemos um exame de saúde anual e, como sempre, providenciei exames de sangue, ultrassonografia de mama e por aí vai. Ao entregar os resultados ao médico, ele começou a analisá-los e a conversar comigo num tom de voz bem baixinho... Como tenho problema de audição, pedi: "Doutor, fale mais alto porque não ouço bem". Ele continuou com aquela fala mansa e eu agoniada e preocupada porque pedia para ele repetir várias vezes as perguntas. Lá pelas tantas ele me disse: "Você tá ansiosa?" Não doutor, eu sou ansiosa e estou mais ainda porque você está falando baixo demais e eu me sinto desconfortável em pedir que repita tantas vezes as mesmas coisas...



Ele resolveu solicitar uma pancada de novos exames porque entendeu que eu deveria deixar de tomar  o meu maravilhoso lexapro e substitui-lo por algo mais saudável. Beleza! Um dos exames foi a ultrassonografia de tireoide que mostrou um nódulo. Resumo de tudo; punção, nódulo maligno, nova ultra, mais dois nódulos e cirurgia marcada.

Nervosa? Preocupada? Desnorteada? No, no, no. Não completamente, é claro! Da doença em si eu não tenho medo. Tenho medo da dor, tenho medo da invalidez e outros medos mais. Não gosto de anestesia, como a maior parte dos mortais. Esse negócio de ficar apagada não é comigo...

Mas falando sério, estou tranquila. Esse nódulo, por vários motivos, poderia ter ficado aí até que Inês fosse morta, ou melhor, Fátima fosse morta... Então, nós fomos mais rápidos do que ele e descobrimos o intruso; aliás, o nosso médico da fala mansa descobriu.

E nem tudo são assuntos chatos. Estou comovida com a quantidade de amigos que estão me dando força, rezando, oferecendo ajuda e carinho. Os familiares nem parecem morar longe, tal a presença constante por meio do telefonemas e mensagens. E isso é o mais importante! Amigos não têm preço, mesmo!

Iria fazer a cirurgia em Recife para ficar perto dos meus pais e primos, mas como precisarei de um acompanhamento mais efetivo, optei por fazer o procedimento aqui. Não me arrependi; estou sendo tão bem cuidada quanto seria se estivesse com minha família.

Então, registro nossos agradecimentos e, na próxima quinta-feira, antes de ir para o hospital, continuo esse post...




Segunda-feira, 28 de novembro




Ia escrever somente na quinta-feira de manhã porque preciso acordar às cinco horas e me alimentar antes da cirurgia que será mais ou menos às 14 horas. mas comecei a semana recebendo mensagem de uma amiga. Ela fará cirurgia no mesmo dia que eu, mas tem câncer de pulmão e várias metástases. Já não peço por mim, e sim por ela. Meus pensamentos fizeram uma reviravolta de 180 graus. Minhas preces agora têm outro destinatário...


O que mais posso dizer?




Silêncio na alma.


Quinta-feira, 1º de dezembro


A cirurgia da minha amiga foi antecipada e ela está na UTI agora, mas tudo correu tranquilo(a UTI é rotina do caso). Eu também fiquei mais serena.




Acordei às 5 horas com um despertador cujo alarme é o som de um galo. O bicho cantou, eu desliguei e nada. Acho que o prédio inteiro acordou no mesmo horário que eu, foi preciso tirar a pilha pro danado calar a boca, ou melhor, o bico!


Tomei café na marra, mas o melhor de tudo e que consegui dormir novamente. Agora, venho aqui me despedir de vocês Meu mantra de hoje é: "Maria passa na frente e resolve o que não tenho condições de resolver".


Até breve! Vou tomar um banho e seguir para o hospital. 


Fonte das imagens: google imagens