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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Stayin' Alive - Bee Gees


Well, you can tell by the way I use my walk
I'm a woman's man, no time to talk
Music loud and women warm,
I've been kicked around since I was born
And now it's all right, it's okay
you may look the other way
We can try to understand
The New York Times' effect on man

Whether you're a brother or whether you're a mother
You're stayin' alive, stayin' alive
Feel the city breakin' and everybody shakin'
And you're stayin' alive, stayin' alive
Ah, ah, ah, ah, stayin' alive, stayin' alive
Ah, ah, ah, ah, stayin' alive

Oh, when you walk

Well, now I get low and I get high
And when I can't get either, I really try
Got the wings of heaven on my shoes
I'm a dancin' man and I just can't lose
You know, it's all right, it's okay
I'll live to see another day
We can try to understand
The New York Times' effect on man

Life goin' nowhere, somebody help me
Somebody help me yeah
Life goin' nowhere, somebody help me yeah
I'm stayin' alive

Saudade. Esse sentimento tem me acompanhado há algum tempo. Visito o facebook e procuro amigos de ”aborrecência”, companheiros de profissão, gente querida cujo contato perdi em algum "Triângulo das Bermudas ”... Localizei vários e hoje, por exemplo, estou exultante porque consegui o número de telefone de uma amiga queridíssima. Ela não participa das redes, mas por meio da sua irmã, consegui algo mais precioso: vou ouvi-la!

Ontem, como era muito tarde, não telefonei, mas a nostalgia me fez ouvir velhos sucessos que dançávamos e cantávamos juntas nos tempos dos “"Embalos de Sábado à Noite". Lembro-me bem de que frequentávamos a matinê de uma discoteca perto de casa, a “Number One”. Tínhamos hora para voltar, mas éramos privilegiadas porque morávamos bem perto dessa discoteca que funcionava em um hotel da cidade, na via costeira.

Também íamos à praia nos fins de semana, além de à noite obtermos permissão dos nossos pais para ficarmos sentadas nos bancos do jardim do prédio “até as luzes se apagarem”, isto queria dizer, até as 22 horas. Nossa turma era bacana(em gíria da época) e quase todos que participavam dela são pais e mães hoje, profissionais bem sucedidos e, mais importante, continuam gente boa!

Ainda não sei se essa amiga que reencontrei tem filhos, se é feliz, se está bem, o que está fazendo da vida, mas sei que sinto saudades dela. E espero que ela esteja alegre e engraçada como era. Quando me lembro da gargalhada dela, fico absolutamente feliz!

Ela era a única negra entre nós e, com ela, aprendi muito cedo a dor do preconceito; e tinha raiva e chorava quando ela sofria discriminação. Alguns seres humanos conseguem ser desprezíveis e parecem sentir prazer em ferir.  Mas eu protegia minha amiga! A mãe dela trabalhava no apartamento de uma família residente no prédio e ela era menos favorecida socialmente, mas nunca menos amada.

Era linda, parecia uma modelo! Tinha tudo para entrar no mundo fashion das beldades, mas penso que não foi esse o caminho que ela escolheu. Ensaiávamos Stayin' Alive em busca do passo de dança mais perfeito que o da estrela do filme, a Karen Lynn Gorney. A flexibilidade dela era de dar inveja! Eu conseguia me mexer, mas ela sabia dançar!

Estou ansiosa para ouvir novamente a voz da minha amiga e relembrar nossas aventuras nos anos 70. E, principalmente, espero que ela tenha conseguido fazer da vida a dança mais perfeita; porque o passo mais firme ela sempre mostrou.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Acho que tô esquecendo alguma coisa ...


Meu marido atravessou a rua, abriu o carro e guardou as compras que havia feito. Ia dar a partida quando observou que uma mulher, num carro estacionado próximo ao dele, mexia nervosamente a bolsa e olhava para o interior do carro dela. Depois, abriu o porta-malas e parecia falar sozinha. Ele dirigiu-se a ela e perguntou se estava com algum problema, se poderia ajudar.
- Perdi as chaves do carro – disse ela.
Ele foi ajudá-la e, pelo menos, sabiam que a chave só poderia estar por ali porque a porta do carro havia sido aberta. Mas afinal, a chave tinha caído? Não, ela deixara a chave em um lugar seguro para não esquecê-la e poder arrumar as compras. E por que não tinha inserido a chave na ignição? Ah, vai que aparece um assaltante...
Procura vai, procura vem, a chave foi encontrada. A mulher agradeceu e meu marido voltou ao carro dele. Sentou-se ao volante e quando foi dar a partida percebeu: onde está a chave do carro? Saiu rapidamente e fez sinal para a mulher.
- Por favor, pare o carro!
- O que aconteceu?
- Perdi as chaves do meu carro.
Novas buscas, chave localizada e problema resolvido.
Quando ele me contou essa história é claro que ri um bocado! E pensei em mim mesma que perco os óculos quando eles estão na cabeça; compro pão e saio sem pagar; já cheguei ao cúmulo de provar roupas em uma loja e quase sair com um vestido pendurado no braço. Quase... não fosse a interferência gentil e desconfiada da vendedora. Nem perdi tempo dando explicações: ela tinha uns vinte e poucos anos. Ainda não sabia o que era isso.
Depois dos quarenta percebi uma degenerescência gradual da minha memória. Usei essa palavra grandalhona aí por vaidade mesmo, pelo prazer de tê-la agarrado antes que entrasse no sumidouro das palavras perdidas. Sabe como é isso? Estou conversando ou escrevendo e eis que engasgo, fico muda e a palavra seguinte não sai. Faço uma varredura mental, palavras começando com a letra b, c, g; não, acho que começa com a letra s, sa, se, si ,so... Soluço! Ai que alívio!
Para a escrita é menos pior. Afinal, na era do Google, basta fazer uma pausa e sair em busca do esquecido. Pesquisando com calma, o assunto é liquidado; isto é, se a gente tiver uma dica porque agora mesmo estou tentando me lembrar o nome de um filme em que a atriz principal descobre que tem o “Mal de Alzheimer” e não estou conseguindo. Espera um pouquinho que vou ao Google. Sei que é um filme coreano e ganhou um prêmio no Festival De Cannes. Achei! Poesia (Shi, 2010), do diretor Lee Chang-dong. A atriz, Yoon Jeong-hee, tem uma atuação valiosa e... Bem, meu assunto é outro, mas viram como o Google é fenomenal?
Mas a tal da falta de memória atrapalha demais! Quantas vezes encontro alguém que me cumprimenta efusivamente e eu acompanho com atenção todas as falas desse meu interlocutor ainda desconhecido pra mim, olho atentamente para o rosto da criatura e nada! Branco total! Ainda mais embaraçoso é se estou com alguém da minha família e quero fazer as apresentações. Sei que conheço você, sei que trabalha em tal lugar. Mas qual é o seu nome, seu nome? A pessoa vai embora e eu me sinto frustrada. Pode ser, pode ser, daí a alguns dias, se eu me esforçar muito, que  o nome dela surja na minha mente. Será tarde e Inês morta!
Já aceitei pedidos de amizade pelo Facebook em que não fazia a mínima ideia de quem era o dito cujo. Depois, fuçando as informações e fotografias (ainda bem) me lembrava do “novo” amigo. Claro, nunca novo, na maior parte das vezes!  As imagens enfeitadas pelos textos nas redes sociais são uma apoteose para mim!
Acredita que eu já saí para ir à igreja e tomei o caminho do meu local de trabalho? E ainda precisei relembrar, com calma, para onde ia realmente? Marquei horário com o dentista e fui ao oculista? Forneci o número do celular da minha filha em um consultório médico, em vez do meu? E somente descobri o engano quando a secretária ligou para minha filha para confirmar minha consulta. E minha filha (menina esperta!) confirmou porque logo percebeu que eu havia cometido mais um deslize por culpa da minha memória, ou melhor, da minha falta de memória.
Preocupada, até fui a um neurologista. Ele realizou vários testes comigo e disse que eu estou bem. “Precisamos esquecer para lembrar”, foram essas as palavras dele.  Pelo sim, pelo não, iniciei uma batalha para manter meu cérebro vivo. Faço sudoku, palavras cruzadas, jogo da memória, exercícios de lógica, medito, pratico ioga e leio, leio muito! Leio com atenção!
Mas enfim, naquele mesmo dia em que meu marido me contou suas aventuras com as chaves dos carros, fomos ao shopping. Depois de estacionar, ele me pediu para gravar o local onde estávamos deixando o carro. Olhei bem e registrei: Setor F6, F de Fátima. Saí caminhando, mas resolvi voltar alguns passos; abri a bolsa e bati uma foto do local. Prevenido, morreu de velho!




P.S.: sabia que estava esquecendo alguma coisa: a música! Não me lembro mais qual é...






sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Fogo e Paixão, Wando



Você é luz
raio estrela e luar
Manhã de sol
Meu iaiá, meu ioiô
Você é "sim"
E nunca meu "não"
Quando tão louca
Me beija na boca
Me ama no chão...
Me suja de carmim
Me põe na boca o mel
Louca de amor
Me chama de céu
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
E quando sai de mim
Leva meu coração
Eu sou fogo
Você é paixão...
Wando continua hospitalizado. Venho acompanhando as notícias sobre a saúde dele e torcendo pelo seu restabelecimento.  A melodia da música “Moça” não sai da minha cabeça. Cantarolei o dia inteiro durante o trabalho e minha colega à direita quase me mandou pra casa. 

Moça me espere amanhã levo o meu coração pronto pra te entregar
Moça, moça eu te prometo eu me viro do avesso, só pra te abraçar
Moça  sei que já não és pura, teu passado é tão forte pode até machucar
Moça, dobre as mangas do tempo jogue o teu sentimento todo em minhas mãos
Eu quero me enrolar nos teus cabelos
abraçar teu corpo inteiro, morrer de amor, de amor me perder


Confesso que gosto da ingenuidade da música brega. De vez em quando tenho uma fase Reginaldo Rossi e canto silenciosamente  “Sua ausência”:
... Olha, vê quanta tristeza
Faz a tua ausência
Faz o teu adeus
Olha como estou sofrendo
Morto vou vivendo
Sem o beijo teu...
Essa fase acontece quando meu marido viaja e fico aqui remoendo a saudade dele. Canto, também, como uma louca,  “Eu te amo, te amo, te amo”, de Erasmos Carlos:  

Tanto tempo longe de você
Quero ao menos lhe falar
A distância não vai impedir
Meu amor de lhe encontrar
Cartas já não adiantam mais
Quero ouvir a sua voz
Vou telefonar dizendo
Que eu estou quase morrendo
De saudade de você
Eu te amo, eu te amo, eu te amo

Ah, vai dizer que você nunca ouviu e viu o Sidney Magal cantando e dançando “Sandra Rosa Madalena"? E “O meu sangue ferve por você ”? O brega romântico é um ritmo brasileiro e duvido que, mesmo sendo um ouvinte dos clássicos, do jazz e da mais pura MPB você não tenha alguma lembrança de um amor não correspondido e a associe a uma música tipo “Garçom”:

Saiba que o meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar
Deixou em pedaços meu coração...
E pra matar a tristeza
Só mesa de bar
Quero tomar todas
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono
Me deite no chão!...

Acho que gosto do brega porque as letras são fáceis de memorizar e têm rimas simples. O que dizem ser cafona, feio ou de mau gosto, mas vive na boca do povo pode me agradar.  Observe que escrevi pode... O tecnobrega, por exemplo, não faz meu gênero. O brega que eu aprecio é o mais refinado! 

Quer saber mesmo? Se eu pudesse, comemoraria meu próximo aniversário com os amigos numa festa brega de arromba e o convidado especial para animar a noitada seria Reginaldo Rossi(sim, sou pernambucana). Ou Wando(Claudinha, minha ouvinte no trabalho, é mineira). Quem sabe Caê cantando "Você não me ensinou a te esquecer"? Pois é, até o Caetano Veloso se rendeu ao brega! O importante, mesmo, é que iria dançar até o dia raiar, e tomar todas, e me embriagar, e transar quatro cubas porque a paz nasceu pra mim...

Wando, sai dessa cama e vem animar a gente!
(Já escrevi um texto mais brega? )