"No escurinho do cinema
Chupando drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz"
Rita Lee e Roberto de Carvalho
Eu tinha quase quatorze anos e havia visto um lindo menino na praia jogando frescobol. Depois disso, havia descoberto que ele era amigo do meu irmão. Estava apaixonada e tudo o que queria era conhecê-lo. A oportunidade havia surgido e havíamos combinado ir assistir ao filme mais comentado do ano.
Meu coração estava acelerado tanto pela ida ao cinema em grupo, quanto pelo filme, quanto pela companhia ao meu lado esquerdo. Compráramos pipoca, chocolate e bombons. A luz do cinema apagou, o lanterninha ainda acomodava alguns atrasados, tinha gente nas escadarias, gente que encerrava a conversa, gente feliz!
Passados alguns minutos, senti que uma mão segurava a minha e o meu coração mudava o compasso da batida. Aquela sensação era desconhecida para mim. Pela primeira vez na vida eu segurava a mão de um menino e era o meu escolhido, o mais belo, o mais perfeito dos seres humanos.
Eu prestava atenção ao filme, mas não descuidava daquele prazer. Tão jovem e, por instantes, me sentindo tão mulher, tão dona de mim. Aí o tubarão surgiu novamente, que susto, virei o rosto para não ver aquela fera de olhos aterrorizantes. E meus olhos, mesmo no escuro, encontraram os dele. Meu primeiro beijo... Quanta ternura, inocência e carinho! E um pedido: "quer namorar comigo?" Sim, sim, sim. Eu estava amando. Meu primeiro amor estava acontecendo, meu primeiro beijo, meu primeiro encantamento!
Continuei assistindo ao filme segurando a mão do meu namorado. Eu tinha um namorado, meu primeiro namorado. Eu era uma garota feliz! Saí do cinema flutuando de felicidade. Os comentários sobre o filme eram ouvidos ao longe porque, naquele dia, os sinos dobravam por mim, anunciando uma nova etapa da minha vida.
Eu tinha conhecido o meu primeiro amor.
Ouça a música: http://letras.terra.com.br/rita-lee/66794/
Ê nostalgia!
ResponderExcluirMamãe, gosto do que você escreve. Continua publicando!
Chorei. E, ao contrário do que pode parecer, porque choro muitas vezes, meu choro não é banal. Me comovi mais ainda com o comentário de Lívia. Seu texto é muito bom, porque faz o leitor visualizar as cenas e se emocionar. Continue publicando.
ResponderExcluirAbraço carinhoso de sua comadre.