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domingo, 16 de outubro de 2011

Interior

"... me mande um pouco do verde que te cerca
Um pote de mel, meu coleiro cantor 
... me traga meu pé de laranja da terra
me traga também um pouco de chuva
com cheiro de terra molhada."
Rosinha de Valença


É assim que ela lembra. Os dias da infância eram passados entre o cheiro do mar e o cheiro da terra úmida das chuvas tão frequentes naquela região. Saudade.


Ela corria aqui e acolá procurando cachorrinho; sim, cachorrinho d'água era o nome que ela e seu irmão davam a um bichinho redondo, pequeno e marrom. O bichinho tinha duas patinhas e parecia indefeso, mas sabia cavar túneis embaixo da areia, e ela e o irmão gostavam de vê-lo em liberdade.


Hoje, sem o irmão, que teimou em deixá-la tão cedo(acho que está caçando cachorrinhos em outras paragens) somente lhe resta a nostalgia do cheiro da terra molhada que ainda continua igual ao da infância. Tomara que nesses tempos de preocupação em salvar o planeta, não inventem de criar em laboratório um cheiro parecido e decidam vendê-lo como se fosse similar, ou até mesmo único, singular. Porque não existe. 


Traz pra ela, maninho, o coleiro cantor e o pé de laranja da terra, aquele que ficava à beira do rio, no sítio do avô. Traz pra ela as recordações do vento no rosto, dos coqueirais do sertão, do barulho do açude transbordando.


Ela ainda espera.


Ouça a música: http://letras.terra.com.br/rosinha-de-valenca/724450/



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