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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Atirei o pau no gato

Atirei o pau no gato tô tô
Mas o gato tô tô
Não morreu reu reu
Dona Chica cá
Admirou-se se
Do berro, do berro que o gato deu:
Miau!



Nesse último mês do ano fomos surpreendidos por um vídeo www.band.com.br/noticias/cidades/noticia/?id=100000474743 que horrorizou a todos: uma mulher foi flagrada maltratando sua cachorrinha de estimação (de estimação?) da pequena raça yorkshire, com chutes tão fortes que levaram o animal à morte.

O vídeo, gravado por um vizinho da agressora, foi divulgado em todos os meios de comunicação e eu tive o desprazer de encontrá-lo nas redes sociais. Mal comecei a vê-lo e interrompi o carregamento. Não tive coração para continuar a assistir às atrocidades cometidas contra um ser indefeso e que, com certeza, amava sua algoz.

Não dormi bem naquela noite incomodada com o que tinha visto e lido. A mulher seria uma enfermeira, casada com um médico e praticou a insanidade na frente de sua filha de tenra idade. Que descontrole emocional teria sido aquele?




E o vizinho que filmou? Por que não livrou o bichinho das agressões? Por que foi omisso? Não temos respostas. Li que a enfermeira pagou uma fiança de R$3.000,00 e estava sob guarda da polícia porque ela e sua família estariam sendo ameaçadas de morte. Ah... E se mostrava arrependida, além de admitir que não é louca.

Desisti de fazer julgamentos. Na bíblia, sábio livro, lemos: “Atire a primeira pedra, quem não tiver pecados”. Quantos de nós já tivemos animais que um dia, por terem rasgado um sofá, ou feito pipi em local inadequado foram doados? Alguns até abandonados na rua? E por precisarmos trabalhar em outro país, já não poderíamos continuar com o gato de cinco anos ou o cachorro com oito anos de idade?

Quantos animais, em nome do desenvolvimento científico, servem de cobaia para que medicamentos possam ser comercializados sem efeitos colaterais saúde humana? Quantos coelhos têm em seus olhos, cremes dermatológicos testados para que sejam considerados hipoalergênicos ao nosso consumo?
E os zoológicos que mantêm encarcerados inúmeros espécimes da fauna para que sejam estudados, vistos, admirados, conhecidos, etc e etc. Será que não chegamos ainda a um nível de conhecimento que possibilite o estudo desses animais sem a necessidade de trancafiá-los?

Quantos poodles foram treinados para dançar nos circos, usando saiotes e outros bibelôs? E os leões banguelas domados entre grades? E os elefantes fazendo gracinhas em cima de bolas e pisando em chãos cimentados que machucam suas patas? Como os cavalos e pôneis aprendem rapidamente e com docilidade a levar a linda moça pela arena! E os chimpanzés, que inteligentes! Claro que, se não fomos criados por Deus, só podemos descender desses mamíferos quase humanos...

E a quantidade de pássaros engaiolados neste momento para o deleite dos nossos ouvidos e olhos? E o pior de tudo, caros leitores, é que vou fazer um mea culpa: a blogueira que vos escreve cria uma calopsita. Vicente, minha calopsita, vive solto no meu apartamento. Ora ele vai à gaiola, ora transita pelos diversos cômodos, atrás de mim, como um cão fiel. Eu o beijo, cheiro, dou banho nele, alimento-o... Como sou bondosa! Mas Vicente pensa ser uma galinha; seus voos são rasantes e, mesmo quando o levo ao parquinho, ele se limita a “andar” de galho em galho pelos pequenos arbustos aonde sua dona permite que ele vá.

Esse é um assunto polêmico e que sei, poderia ser tratado com mais profundidade, mas estamos num blog e minha intenção é leva-los a uma reflexão. Não, claro que não compactuo com a enfermeira. Continuo horrorizada e pensativa. E quantos seres humanos são agredidos e mortos a cada segundo por seus semelhantes? Sim, sei que muitos deles tiveram a chance de defesa ou, pelo fato de sermos da raça homo sapiens, a coisa fica entre nós mesmos. Será?

“Quem não tiver pecados, atire a primeira pedra.”

4 comentários:

  1. Fátima, realmente, excelente reflexão...

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  2. Bem colocado, Fátima! Compartilho com você todo o horror que aquele episódio causou.

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  3. Realmente, embora horrorizados, não devemos fazer julgamentos. Aqueles que querem matar a mulher com certeza também têm pecados e será que não querem fazer com ela o mesmo que ela fez com o animalzinho? Descarregar suas fustrações?

    Entretanto, mesmo pensando assim, confesso que seu texto me incomodou. Não me julgo melhor, mas também não consigo me igualar a ela. Complicado.

    Parabenizo-a pela coragem de abordar esse tema.

    Bjs, Ceci

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  4. Ciça, Claudinha e Ceci,

    De fato, Ceci tem razão. Nós não somos iguais. Mas podemos um dia vir a ser? Não sei. Melhor pensar direito no assunto. Há ainda outros fatores a ponderar. A mídia adora divulgar violência e o pior, dá ibope! Estou com vontade de continuar a escrever sobre o assunto.

    Continuem lendo e comentando, amigas!
    Foram tantos comentários via e-mail!

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